Ensaiando Textos

sexta-feira, 25 de março de 2011

Deficiente sou eu!

Deficiente sou eu!



Alguns passos pela rua e logo a mais inotória imperfeição no plano, torna-se um grande obstáculo, como isso ocorre?

-Devagar, dê um passo longo, há um buraco á sua frente.

-Uma calçada, tem um degrau.

-Devagar, vamos descer uma pequena rampa, pare! O sinal abriu.

-Lá vem o ônibus, pode subir.

-Tem um lugar vago á sua direita, pode sentar. Segure firme.

E ali na cadeira de um ônibus descobri tantas semelhanças ao mesmo tempo notei como sou tão covarde e medrosa as vezes...

Que em muitos momentos posso me considerar incapaz mesmo quando acho sou segura e que posso fazer qualquer coisa.

Em mais um dia útil na minha vida uma conversa de ponto de ônibus tornou-se minha maior motivação para continuar e conseguir tudo que sonhar!

Devo isso ao Alberto, um jovem que eu encontro ás tardes de sábado na pequena turma do curso de inglês. Durante a semana, leciona pelo dia, a noite estuda para o vestibular, seu foco é ingressar na universidade federal, apesar de ter ficado em segundo lugar excedente em 2011, já começou a se preparar par o próximo concurso, sem deixar a esperança de ser chamado ainda no ano que corre. Já é formado em Espanhol, e com uma rotina tão agitada encontra tempo e ânimo para estudar em casa e fazer o que mais gosta. Parece que seu melhor amigo é o computador que o ajuda em tudo, estudos e comunicação com o mundo!

Sua rotina é igual à de milhões de jovens, mora distante do trabalho, depende de transporte público, muitas vezes não faz todas as refeições por falta de tempo ou de opção onde comer.

Alberto tem uma vida parecida com a minha, me senti feliz em conhecê-lo, mas fiquei triste por dentro, me peguei com um nó na garganta durante aquele percurso, que em minutos me mostrou tantas possibilidades, tanta vantagem em ser quem sou, e principalmente sem falsa compaixão ou moralismo, que meus problemas podem ser apenas contratempos desde que eu decida enfrentá-los.

Alberto e eu somos tão parecidos, cheios de sonhos e expectativas... Ele seria apenas mais um, fazendo o que faz e buscando o que deseja. Não fosse um detalhe...

Vinte minutos antes de subir no ônibus:



-Oi Alberto, me chamo Vera, estudamos na mesma turma, posso acompanhá-lo?

-Claro! Você estava na sala?

-Sim, já fazem três aulas que sentamos um ao lado do outro.

-Você vai pegar ônibus?

-Sim, vou pegar qualquer um para o terminal.

-Ok! Eu também. Vamos juntos?

-Sim posso segurar em seu braço, para ficar melhor?

-Pode claro! Segure-se no meu braço direito.

-Vamos lá!

“-Devagar, dê um passo longo, há um buraco á sua frente.

-Uma calçada, tem um degrau.

-Devagar, vamos descer uma pequena rampa, pare! “O sinal abriu.”

Alberto, profissional da educação, aspirante ao curso de direito, aluno modelo, bilíngüe e deficiente visual... Quero dizer, cego mesmo! Deficiente sou eu, que vejo obstáculos onde não existem e que tenho pena de mim mesma por medo de lutar.

Alberto, assim se chama minha mais nova motivação!

Obrigada por me permitir conhecê-lo.

domingo, 13 de março de 2011

O primeiro, o melhor, o último!

Pense rápido! - Qual o primeiro lugar que vem a sua cabeça quando quer descansar? (CASA)

Qual o melhor lugar para ir quando o mundo parece ofender-te, machucar-te, chutar-te?

O primeiro lugar que vem a mente quando se quer esconder-se de tudo? (CASA)

Mas o que me espanta cada vez que sinto essas coisas é o fato de não pensar assim...

Quando cansada depois de uma jornada de sete dias, correndo das seis às onze da noite, para cumprir missões, do tipo trabalhar de modo eficiente, estudar arduamente, tudo em busca do melhor; Eu me finalizo essa semana com vontade de derramar-me na cama, escorrer o stress pelo ralo, mandar pra longe as dores no corpo, tirar da cabeça as pressões...

Tudo isso, eu penso no primeiro lugar para ir, e deparo-me com a irônica afirmativa da minha rotina...

Minha casa é o primeiro lugar que vem a mente, é o melhor lugar para me proteger de tudo...

Mas é o último lugar onde eu posso querer estar, pois sinto que não é meu.